sábado, 16 de agosto de 2008

BAIXA IDADE MÉDIA

No século X, os países europeus deixaram de ser ameaçados por invasões. Os últimos invasores - normandos e eslavos - já se haviam estabelecido respectivamente no Norte da França (Normandia) e no centro-leste da Europa (atual Hungria). O continente vivia agora a "paz medieval", a qual ocasionou mudanças que provocaram transformações no panorama europeu.
A Baixa Idade Média corresponde ao período entre os séculos XII e meados do século XV. Nesse momento histórico ocorreram inúmeras transformações no feudalismo, como o renasci­mento do mundo urbano e o reaquecimento das atividades comerciais; o fim do trabalho servil; o surgimento da burguesia; a centralização política nas mãos dos monarcas; e as crises da Igreja Católica. Toda a trama histórica levou o sistema feudal ao seu limite, produzindo uma grave crise que desembocou na transição para o capitalismo.

As transformações internas da Baixa Idade Média

*Fim das invasões -o homem medieval melhorou suas condições de vida, pois havia paz, segurança e desenvolvimento.

*Aumento da população-que foi originado pelo fim das invasões e pela diminuição das epidemias, gerando a queda da mortalidade, implicando maior demanda de alimentos e aperfeiçoando as técnicas agrícolas para aumento da produção.
produção limitada: tributação e técnicas rudimentares não atendia ao consumo.
Paz de Deus: proteção aos lavradores, viajantes e mulheres.
Trégua de Deus: limitava os dias de combate no ano e proibia os combates de sexta a segunda-feira e em dias de festa.
expansão dos limites do espaço agrícola: pastos e bosques , expansão agrícola.

Crescimento populacional da Europa Ocidental Ano ....................................População

105o........................................46milhões

1100........................................48milhões

1150.........................................50milhões

1300.........................................73milhões

*Expulsão dos camponeses dos feudos-com esse fenômeno ocorreu a retomada das cidades, aumento do comércio , o aumento da criminalidade e as batalhas feudais:belicosidade.

*Migração pra as cidades- boa parte da população se estabeleceu em aldeias ou em antigos centros urbanos, convertendo-os em mercados latentes, em incipientes pólos comerciais.

*Bandoleiros-outra parte da população resolveu sobreviver do saque, formando grupos de bandoleiros que asaltavam as estradas.

*Produção de excedentes- houve melhoria nas técnicas agrícolas, o que provocou o excedente de produção. Este excedente fez com que o que fosse produzido virasse "moeda", escambo....as "aldeias", feudos, começam a ganhar força através desse comercio.

*"Revolução" agrícola-Conjunto de transformações ocorridas na agricultura, a partir de novas técnicas e tecnologias (ferradura, rotação de culturas, charrua, coalheira etc. Na medida em que fez surgir o excedente de produção, dinamizou o comércio, as cidades e a burguesia, abalando os pilares do feudalismo

*Expansão territorial-o crescimento demográfico e econômico propiciou a expansão territorial dos reinos cristãos, principalmente no leste da Europa e na península ibérica.Houve,uma expansão dos limites do espaço agrícola para as áreas de bosques e florestas, o que foi insuficiente tendo necessidade de ampliar limites geográficos .Então para isso, necessitou-se da própria população excedente para participarem das conquistas militares e da ocupação dos territórios conquistados.Foi por isso que inseriram a expansão germânica para o leste, contando com a participação de muitos cavaleiros na Guerra de reconquista contra os árabes, na península Ibérica e também ocorrendo o movimento das Cruzadas.


*Renascimento comercial e urbano- Quando retornavam das cruzadas, muito cavaleiros saqueavam cidades no oriente. O material proveniente destes saques (jóias, tecidos, temperos, etc) eram comercializados no caminho. Foi neste contexto que surgiram as rotas comerciais e as feiras medievais. A saída dos muçulmanos do mar Mediterrâneo também favoreceu o renascimento comercial. Foi neste contexto que começou a surgir uma nova camada social: a burguesia. Dedicados ao comércio, os burgueses enriqueceram e dinamizaram a economia no final da Idade Média. Esta nova camada social necessitava de segurança e buscou construir habitações protegidas por muros. Surgia assim os burgos que, com o passar do tempo, deram origem a várias cidades (renascimento urbano).As cidades passaram a significar maiores oportunidades de trabalho. Muitos habitantes da zona rural passaram a deixar o campo para buscar melhores condições de vida nas cidades européias (êxodo rural). Com a diminuição dos trabalhadores rurais, os senhores feudais tiveram que mexer nas obrigações dos servos, amenizando os impostos e taxas. Em alguns feudos, chegaram a oferecer pequenas remunerações para os servos. Estas mudanças significaram uma transformação nas relações de trabalho no campo, desintegrando o sistema feudal de produção.Com o aquecimento do comércio surgiram também novas atividades como, por exemplo, os cambistas (trocavam moedas) e os banqueiros (guardavam dinheiro, faziam empréstimos, etc).
Estes novos componentes sociais (burgueses, cambistas, banqueiros, etc) passaram a começar a se preocupar com a aquisição de conhecimentos. Este fato fez surgir, nos séculos XII e XIII, várias universidades na Europa. Estas instituições de ensino dedicavam-se ao aos conhecimentos matemáticos, teológicos, medicinais e jurídicos.


*Feiras medievais- Contribuíram para a dinamização do comércio e das trocas monetárias. Desenvolveram-se no encontro de rotas comerciais ( os nós de trânsito ). A principal feira ocorria na cidade de Champagne, na França.
*Formação da burguesia-foi na baixa idade média que iniciou-se no seculo XI com a queda do feudalismo, pois foi aí que a burgeusia começou a crescer, com a união do rei com a burguesia (nao é errado afirmar que burguesia é comércio), os feudos começaram a se dividir e a se transofrmar em cidades. A aliança da burguesia com o rei foi importante para ambos lados pois enquanto o rei oferecia facilidades e exercito, a burguesia dava dinheiro, e com esse acontecimento varios fatos ocorreram, entre eles a unificaçao da moeda, centralizaçao do poder nas maos do rei, surgimento e formaçao das cidades.
*Cruzadas-chama-se cruzada a qualquer um dos movimentos militares, de caráter parcialmente cristão , que partiram da Europa Ocidental e cujo objetivo era colocar a Terra Santa (nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina) e a cidade de Jerusalém sob a soberania dos cristãos. Estes movimentos estenderam-se entre os séculos XI e XIII, época em que a Palestina estava sob controle dos turcos muçulmanos.
Significado e Importância das Cruzadas

-Campo Econômico-as Cruzadas se apresentavam como um contra-ataque da Europa Cristã para romper o cerco muçulmano que estivera submetida desde o século VIII.

-Campo Social-foram, também, uma forma de aliviar a pressão demográfica no continente que ameaçava destruir o feudalismo.

-Campo Religioso -para a Igreja Católica o movimento significou a possibilidade para expansão da sua fé.
· Cruzada popular ou dos mendigos- a
Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096) foi um acontecimento extra-oficial que consistiu em um movimento popular que bem caracteriza o misticismo da época e começou antes da Primeira Cruzada oficial. O monge Pedro, o Eremita, graças a suas pregações comoventes, conseguiu reunir uma multidão. Entre os guerreiros, havia uma multidão de mulheres, velhos e crianças.

· Primeira Cruzada-Cruzada dos Nobres- Foi chamada também de Cruzada dos Nobres ou dos Cavaleiros. Ao pregar e prometer a salvação a todos os que morressem em combate contra os pagãos (leia-se,
muçulmanos) em 1095, o Papa Urbano II estava a criar um novo ciclo. É certo que a ideia não era totalmente nova: parece que já no século IX se declarara que os guerreiros mortos em combate contra os muçulmanos na Sicília mereciam a salvação. Mas desta vez a salvação não era prometida numa situação excepcional.
Segunda Cruzada- Em
1145 é pregada uma nova cruzada por Eugénio III e São Bernardo. A perda do Condado de Edessa provocou a organização dessa cruzada. Desta vez foram reis que responderam ao apelo: Luís VII da França e Conrado III do Sacro Império, para nomear os mais importantes. Curiosamente, os contingentes flamengos e ingleses acabaram por conquistar Lisboa e voltar para as suas terras na sua maioria, uma vez que eram concedidas indulgências para quem combatia na Península Ibérica.

Terceira Cruzada ou Cruzada dos Reis- A perda de Jerusalém revoltou todos os cristãos. Incitados pelo papa, os principais monarcas da Europa decidiram-se a participar de uma nova cruzada. Em maio de 1189 iniciou-se a partida para o Oriente. Foi o maior exército jamais reunido para uma expedição à Terra Santa, e a notícia de sua chegada alarmou os muçulmanos da Palestina.
Mas o desastre mudou completamente o rumo dos acontecimentos: ao atravessar um rio, o Imperador Frederico I (o “Barba Ruiva”), então com 70 anos de idade, morreu afogado. Sem a sua liderança, o gigantesco exército alemão rapidamente se desintegrou. A maior parte dos soldados voltou para a Alemanha; apenas uns poucos se decidiram a seguir para a Terra Santa.Participaram também desta Cruzada os reis Ricardo Coração de Leão(Inglaterra), Filipe Augusto (França) e Frederico I, o Barba-Ruiva.


Quarta Cruzada- Cruzada Comercial-Em 1198, o papa Inocêncio III, convocou uma outra cruzada para conquistar Jerusalém. Os nobres que planejaram a campanha estabeleceram como primeiro objetivo o Egito, o mais rico e paradoxalmente o menos protegido dos Estados muçulmanos.
De empreendimento de cunho religioso, esta cruzada revestiu-se de um aspecto de negócio ou “negociata”. Já o comércio começa a imperar sobre a Fé; caem as máscaras que motivaram, no fundo, a realização das cruzadas. Os cruzados formaram então o Império Latino de Constantinopla, sob a tutela de Veneza e os venezianos finalmente obtiveram o cobiçado monopólio do comércio da cidade. Com isso, os objetivos da Quarta Cruzada desapareceram, já que seus integrantes nem chegaram a enfrentar os infiéis.


Cruzada das Crianças-Para derrotar os mulçumanos o pastor Estevão alegou que tinha que se ter um coração puro.Então, No verão de 1212, milhares de crianças, principalmente francesas e alemãs, deixaram suas casas para se juntar a uma cruzada. Nenhuma delas conseguiu chegar à Terra Santa.
O grupo francês dirigiu-se a Marselha, onde mercadores inescrupulosos lhe ofereceram transporte gratuito até a Palestina. Algumas das crianças afogaram-se numa tempestade; as restantes foram vendidas como escravas...
As crianças alemãs foram para a Itália, mas não conseguiram seguir adiante. Sem dinheiro e sem comida, tiveram de mendigar para sobreviver. Pouquíssimas conseguiram voltar para casa.


Quinta Cruzada-Por volta do outono de 1217, cristãos de muitos países europeus reuniram-se em São João D’Arce, para outra tentativa de reconquista da Terra Santa; dentre eles Francisco de Assis. Eles planejavam atacar primeiro o Egito. Com aquele país em mãos, todo o sul da Palestina, inclusive Jerusalém, cairia sem nenhuma resistência.
O porto de entrada para o Egito era Damieta, situado na foz do Nilo. Os cruzados levaram um ano para capturar o porto e ainda mais tempo brigando uns com os outros antes de subirem o rio para penetrar no Egito. Sem perceber o risco que corriam, acamparam às margens do rio, onde o inimigo só precisou abrir as comportas para afogá-los. Os cruzados não tiveram outra escolha senão aceitar uma paz humilhante, abandonando o Egito sem conseguir absolutamente nada
Sexta Cruzada- Foi liderada pelo imperador do Sacro Império Romano Frederico II , que tinha sido excomungado pelo Papa. Ele partiu com um exército que foi diminuindo com as deserções, e uma semi-hostilidade das forças cristãs locais devido à sua excomunhão pelo Papa. Aproveitando-se das discórdias entre os muçulmanos, Frederico II conseguiu, por intermédio da diplomacia, um tratado com os turcos que lhe concedia a posse de Jerusalém, Belém e Nazaré por dez anos. Mas a derrota dos cristãos em Gaza fê-los perder os Santos Lugares em 1244.


Sétima Cruzada- Foi liderada pelo rei da França Luís IX, posteriormente canonizado como São Luís. Ele desembarcou diretamente no Egito e, depois de alguns combates, conquistou Damietta. Novamente o sultão ofereceu Jerusalém e novamente foi recusado. Em Mansurá, depois de quase terem vencido, os cruzados são derrotados pela imprudência do irmão do rei, Roberto de Artois. Depois de uma retirada desastrosa, o exército puramente rendeu-se. Luís IX caiu prisioneiro e os cristãos tiveram de pagar um pesado resgate pela sua libertação. Somente a resistência da rainha francesa em Damietta permitiu que se conseguisse negociar com os egípcios. Luís ficou mais algum tempo e conseguiu salvar o território de Outremer (indiretamente, as invasões mongóis deram o seu contributo).


Oitava Cruzada- São Luis, novamente tenta uma cruzada, desta vez contra Tunes, a antiga Cartago, onde o cristianismo tinha graças a Santo Agostinho, lançado profundas raízes e onde muitos mártires tinham dado a vida pela fé. São Luis esperava reconquistar esta região para o cristianismo e converter o sultão. Mas S. Luis morreu no acampamento em Tunis. O sultão concordou em deixar os cruzados irem embora... Onde a peste dizimou o que lhe restava de homens válidos.


As Conseqüências das Cruzadas

Apesar do fracasso no plano militar, as Cruzadas mudaram a face da Europa:
-Possibilitando a reabertura do Mediterrâneo à navegação e ao comércio da Europa.
-Proporcionando o reatamento das relações entre o Ocidente e o Oriente.
-Contribuindo para a decadência do feudalismo e consequentemente reduziu o poder dos senhores feudais.
-Influenciando no surgimento da burguesia.
Resultado das Cruzadas
O resultado final das cruzadas, no que se refere a seus objetivos constitui um fracasso, pois São João de Acre, última possessão cristã no Levante mediterrâneo, perdeu-se um 1291, e os lugares Santos continuaram em poder do Islã.
Mas estas expedições tiveram grande repercussão sob outros aspectos, a saber: ampliaram o campo de conhecimentos dos ocidentais, tanto no domínio geográfico quanto científico e técnico. Na ordem econômica certos produtos desconhecidos ou conhecidos unicamente na Espanha ou Sicília, difundiram-se por toda a Europa: algodão, cana de açúcar, arroz, diversas árvores frutíferas.


5 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Sobre as cruzadas:
existe também a questão da igreja católica;tentando convencer os católicos a lutar contra os "infiéis"...falando da terra que maná "leite e mel" mostrando o lado bom e convencendo as pessoas a lutarem do lado de "Deus".
E falando da recompensa eterna!.

Anônimo disse...

Alta Idade Média:
1) Ruralização da sociedade
2) Agricultura de subsistência
3) Comércio restrito
4) Economia "amonetária"
5) Fragmentação política
6) Sociedade Estamental

Baixa Idade Média:
1) Renascimento Urbano
2) Agricultura de mercado
3) Comércio internacional
4) Amplo uso de várias moedas
5) Centralização política
6) Sociedade Estamental diversificada.

(Tabela de vivi de comparação entre a Alta Idade Média e a Baixa Idade Média).


Cruzadas:
-Proporcionando o reatamento das relações entre o Ocidente e o Oriente. (As Conseqüências das Cruzadas)
Esse restabelecimento do comércio deveu-se principalmente a Quarta Cruzada- Cruzada Comercial, pela formação do Reino Latino de Constantinopla.


A Cruzada das Crianças (1212), como a Cruzada dos Mendigos (1096), foi um movimento extra-oficial.


iris :)

Unknown disse...

Como Renê disse, vale salientar a influência do cristianismo sob as cruzadas. Inclusive, os adeptos às Cruzadas (os chamados soldados de Cristo) eram identificados pelo símbolo da cruz bordado em suas vestes.
A cruz era como se representasse o contrato estabelecido entre o indivíduo e Deus. Era o testemunho visível e público de engajamento individual e particular na empreitada divina.

;)

Unknown disse...

- O Papa Urbano II, idealizador da Primeira Cruzada, realizou sua pregação durante o Concílio de Clermont rompida com a separação da Igreja no Cisma do Oriente.


"Deixai os que outrora estavam acostumados a se baterem impiedosamente contra os fiéis, em guerras particulares, lutarem contra os infiéis. Deixai os que até aqui foram ladrões tornarem-se soldados. Deixai aqueles que outrora bateram contra seus irmãos e parentes lutarem agora contra os bárbaros como devem. Deixai os que outrora foram mercenários, a baixo soldo, receberem agora a recompensa eterna. Uma vez que a terra onde vós habitais, é demasiadamente pequena para a vossa grande população, tomai o caminho do Santo Sepulcro e arrebatai aquela terra à raça perversa e submetei-a a vós mesmos".


- Entretanto, não havia apenas natureza religiosa envolvida nesse discurso. Havia interesse social e econômico por parte da Igreja.